O assédio moral e sexual são formas de abuso e intimidação que afetam gravemente o bem-estar, saúde mental e a produtividade dos indivíduos. O assédio moral é caracterizado por comportamentos repetitivos e sistemáticos que degradam a dignidade de uma pessoa, como humilhações, críticas constantes e isolamento social.
E o assédio sexual, envolve avanços indesejados de natureza sexual, como comentários, toques ou propostas, que criam um ambiente hostil e intimidante.
Ambos os tipos de assédio violam direitos fundamentais e podem ter impactos duradouros na saúde física e mental das vítimas, levando ao desenvolvimento de transtornos psicológicos como estresse pós-traumático, ansiedade, síndrome do pânico e depressão, de acordo com D. J. MacKinnon e J. W. Thoresen (2018).
O impacto do assédio na saúde mental
De acordo com o Journal of Occupational Health Psychology, o impacto emocional em vítimas de assédio influencia diretamente no aspecto pessoal quanto no profissional.
Além disso, pode resultar na diminuição da autoestima, isolamento social e dificuldades de concentração. A exposição contínua a essas situações pode também aumentar o risco de pensamentos suicidas
O ambiente de trabalho, que deveria ser um espaço de crescimento pessoal e profissional, torna-se um cenário de sofrimento constante para aqueles que enfrentam tais abusos.
Estudos presentes no Journal of Occupational Health Psychology mostram que o impacto do assédio não se limita apenas ao período em que a vítima está exposta ao abuso, mas pode perdurar por anos, afetando sua qualidade de vida e relações interpessoais.
Além disso, o estigma, a vergonha e o medo associados ao assédio podem ser fatores impeditivos para que as vítimas busquem ajuda, assim prolongando o sofrimento e acentuando os sintomas psicológicos.
A busca por ajuda após um assédio
A recuperação após o assédio moral e sexual é um processo complexo que exige tempo, apoio e intervenção profissional. Primeiramente, é necessário reconhecer a gravidade da situação e que está tudo bem buscar ajuda.
A psicoterapia, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), tem se mostrado eficaz no tratamento de transtornos resultantes de assédio, apoiando as vítimas na reconstrução das suas vidas após o trauma.
Além disso, ter uma rede de apoio, na qual você possa ter acolhimento e segurança é fundamental Seja de amigos, familiares ou colegas de trabalho.
E por fim, o processo de cura pode incluir a busca por justiça, se a vítima se sentir confortável com esta opção. Seja através de denúncias formais dentro da organização ou ações legais, o que pode ajudar a restaurar o senso de controle e justiça da vítima.
Métodos de Prevenção de Assédio no Trabalho
A implementação de políticas organizacionais claras e rigorosas, que definem o comportamento aceitável e as consequências para os infratores. Programas de treinamento regulares sobre ética, respeito e comportamento profissional são encorajados para educar os funcionários e gestores sobre os impactos do assédio e a importância de manter um ambiente de trabalho seguro e inclusivo.
Além disso, é fundamental desenvolver uma cultura de Segurança Psicológica e um ambiente, no qual as pessoas se sintam seguras para expressar preocupações e relatar comportamentos inadequados, se necessário. É muito indicado a implementação de canais de denúncias anônimos, para que as vítimas possam falar sobre suas experiências sem medo de retaliação.
Canais de Denúncia
O Ministério Público do Trabalho (MPT) disponibiliza uma plataforma online para que denúncias possam ser feitas de forma segura e anônima. Além disso, as vítimas podem procurar o Sindicato de sua categoria profissional, que muitas vezes oferece suporte jurídico e psicológico.
Referências:
MacKinnon, D. J., & Thoresen, J. W. (2018). “Workplace Harassment and Mental Health: The Role of Perceived Control.” *Journal of Applied Psychology*. [Link para o artigo](https://doi.org/10.1037/apl0000340)
Hogh, A., Mikkelsen, E. G., & Hansen, Å. M. (2011). Individual consequences of workplace bullying/mobbing.
Friborg, M. K., Hansen, J. V., Aldrich, P. T., & Kaerlev, L. (2017). Workplace sexual harassment and depressive symptoms: A cross-sectional multi-wave study.
Willness, C. R., Steel, P., & Lee, K. (2007). A meta-analysis of the antecedents and consequences of workplace sexual harassment.
Mikkelsen, E. G., & Einarsen, S. (2002). Basic assumptions and symptoms of post-traumatic stress among victims of bullying at work.
O assédio moral e sexual é um tema que merece ser falado, pois somente dessa forma as vítimas poderão reconhecer os comportamentos a sua volta e buscar forças para sair desta situação.
Pensando em expandir seu conhecimento sobre o tema, separamos alguns materiais que compartilham, do ponto de vista psicológico, os impactos e a importância de falar sobre e se posicionar. Confira!
TED Talk
Vamos acabar com o silêncio em torno do abuso!
Laura Bates, fundadora do projeto Everyday Sexism, discute a cultura do abuso e a necessidade de quebrar o silêncio.
Documentário: A Dor (in)visível – Assédio Moral no Trabalho
Uma realização do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS)
O documentário “A dor (in)visível – Assédio Moral no Trabalho” é uma realização do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) – Procuradoria do Trabalho no Município (PTM) de Caxias do Sul; do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) em Caxias do Sul; e do Governo Federal.
Livro : Assédio Moral: A Violência Perversa no Cotidiano | Marie-France Hirigoyen
Neste livro sobre assédio moral, é explicado como este abuso se manifesta no dia a dia e seus impactos psicológicos.
Carolina Alves Quintino
Psicóloga | 08/13621